domingo, 29 de janeiro de 2017

Covilhã- Os Bispos Covilhanenses II

Abrimos o tema Bispos Covilhanenses, porque encontrámos no espólio de Luiz Fernando Carvalho Dias uma pasta com informação preciosa sobre covilhanenses, alguns deles bispos, que sabemos teria como finalidade a organização de um Dicionário de Autores.

Enumeremos os bispos covilhanenses de que temos conhecimento:
- D. José do Patrocínio Dias, Bispo de Beja. (1)
- D. Cristóvão de Castro, Bispo da Guarda. (2)
- D. Diogo Seco, Bispo de Niceia. (3)
- D. Frei Domingos Barata, Bispo coadjutor de Évora, Bispo de Portalegre.
- D. António Bonifácio Coelho, Bispo titular da Lacedemónia, Bispo eleito de Leiria.
- D. José Valério da Cruz, Bispo de Portalegre.
- D. Frei Ângelo Ambrósio Camolino ou Ângelo de Nossa Senhora da Boa Morte, Bispo de Elvas.
- D. Manuel Damasceno da Costa, Bispo de Angra do Heroísmo.
- D. José da Cruz Moreira Pinto, Bispo de Viseu. 
- D. José dos Santos Garcia, Bispo de Porto Amélia, hoje Pemba, Moçambique.


D. António Bonifácio Coelho (?-1780)

Castelo de Leiria

"D. António era filho de José Mendes Pinheiro e de D. Maria Coelho.
Deu aulas de Filosofia em S. Francisco, Covilhã.
Em 1770 era Bispo titular da Lacedemónia “in partibus”.
Por morte de D. Frei Miguel de Bulhões e Sousa, foi nomeado, em 1779, Bispo de Leiria. Faleceu em 1780, não tendo recebido a bula de confirmação.

Segundo Fortunato de Almeida, "para executor da Bula de erecção da diocese (de Pinhel) foi nomeado, por indicação régia, António Bonifácio Coelho, professor de Cânones em Coimbra e deputado do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa, sendo para o efeito nomeado Arcebispo de Lacedemónia, para quem foram pedidos ao Papa poderes para “eleger entre os templos da nova cidade de Pinhel aquele que for mais decoroso”, escolha que recairá na Igreja do Salvador, para “o ampliar e lhe unir por compra as casas que forem mais dignas de se estabelecer nellas o palácio episcopal, aplicando para isso os rendimentos da nova massa episcopal e capitular as porções que se fizeram precisas”, para estabelecer o número de dignidades, cónegos, meios cónegos e capelães que as rendas da catedral permitissem.
“Dom António Bonifácio Coelho, por merce de Deos e da Santa Sé Apostolica Arcebispo de Lacedemonia, do Conselho da Rainha minha Senhora, Inquisidor Presidente da Mesa do Santo Officio da Inquisição de Lisboa, Deputado Ordinario com exercício de Presidente da Real Meza Censoria, Vigario no espiritual, e temporal em todo o Patriarcado do Eminentissimo, e Reverendissimo Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa. Ec”
Dado em Lisboa sob nosso signal, e Sello aos 27 de Julho de 1779. A. Arcebispo de Lacedemonia.
“Edital de Publicação da Benção Apostolica com indulgencia plenaria na Santa Igreja Patriarcal nos dias de Paschoa da Ressurreição, e da Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Christo”. Na oficina de Antonio Rodrigues Galhardo, Impressor do Eminentissimo. e Reverendissimo Senhor Cardial Patriarca. Anno de 1779. fls. 256 a 259 inclus.
Também foi presidente da relação eclesiástica  e provisor e vigário geral pelo Cardeal Patriarca da Lisboa Ocidental.
Parecer do Arcebispo de Lacedemonia sobre hum casamento de consciencia. Lx. 13 de Dezembro de 1776. fls. 199 a 201. ms.
Cartas para D. Frei Manuel do Cenáculo:
Bib. de Évora cod. cxxvii/1-3
a)                                    terça-feira
b)                                    1/2/1775
c)                                    26/5/1777.
Vid. no Fundo Geral em Lacedemonia.
Fg. 8834 – “Mem.ªs do Patriarcado, vol. 3º com várias assinaturas de Coelho e até pareceres dele não identificados.

D. José Valério da Cruz (1749-1826)

Covilhã
Fotografia de Miguel Nuno Peixoto Carvalho Dias
"Nasceu na Covilhã a 19 de Novembro de 1749 e faleceu a 17 de Julho de 1826.
Oratoriano. Bispo de Portalegre de 1798 a 1826.
Segundo Inocêncio, preparou em 1783 o Catecismo Romano para uso dos Párocos.
Escreveu, também, segundo Inocêncio:
- Camões defendido, o editor da edicção de 1779, e o censor desta, julgados sem paixão, em uma carta à luz, por Aletophilo Misalazão. Lisboa, na Regia Offic. Typ. 1784. 8º
BNL Cam. 656 -1.
Inocêncio refere mais, que o Camões defendido fora mandado imprimir pelo P.e António Pereira de Figueiredo, amigo do oratoriano, depois bispo de Portalegre.
- Cartas para Frei Manuel do Cenáculo Vilas Boas, Bispo de Beja e arcebispo de Évora. (Biblioteca de Évora. Lx 8/77 1748; 26/3/1802; 22/11/ 1807; 30/4/1810; 19/7/1810
 ms.). Cartas para o Arcebispo Stª. Clara – Portalegre 2/12/ 1814.
Num estudo sobre os Bispos de Portalegre do Dr. José de Almeida Eusébio refere-se que no Seminário da referida cidade existia manuscrito um Diccionário da sua autoria.
Seguno Trigoso (cf. Inocêncio) concorrera com o seu conselho para a edição das Poesias de António Diniz da Cruz."
Adquiriu para a biblioteca episcopal muitas obras papais.
Terá sido um benemérito, pois assistiu aos operários fabris quando a Fábrica de Lanifícios fechou. Ainda no campo assistencial mandou alargar as enfermarias do Hospital.
Em 1808 Portalegre revolta-se contra os franceses formando uma Junta Revolucionária liderada por D. José Valério da Cruz.
Em 1822 foi eleito deputado por Portalegre. Foi também deputado pela Guarda.

D. Frei Ângelo Ambrósio Camolino
ou Ângelo de Nossa Senhora da Boa Morte (1777-1852)

4)
 “Nasceu em o dia 9 de Junho de 1777 na antiga e notavel villa da Covilhã, subjeita à jurisdicção do bispo Egitanense; e seos paes se chamárão Jacome Ambrosio Camolino, e Maria Joaquina, amantes da religião assim, como da patria.”
Foi estudar para Coimbra.
Em Abril de 1796 “atou-se o voto religioso” no Convento franciscano de Nossa Senhora dos Anjos, de Brancanes, Setúbal.
Em Junho de 1800 é presbítero, prega vários sermões e leu Filosofia e Teologia.
Nos tempos difíceis do liberalismo foi eleito Bispo de Elvas em Abril de 1832, lugar que não queria aceitar, mas acabando por tomar posse.
Devido às perseguições liberais retira-se para o Convento dos Capuchos  durante um tempo.
Faleceu em Lisboa, em Julho de 1852, 

D. Manuel Damasceno da Costa (1867-1922)


D. Manuel Damasceno da Costa (5)
"Nasceu na Covilhã, na freguesia de Nossa Senhora da Conceição, numa casa da rua do Meio, em 2 de Fevereiro de 1867. Era filho de António da Costa Rato e de Maria do Carmo Damasceno.
Estudou no Colégio, dos Jesuítas, de S. Fiel, no Seminário da Guarda e depois em Teologia na Universidade de Coimbra.
Em Novembro de 1890 é ordenado presbítero e depois formou-se em Teologia na Universidade de Coimbra.
Na Guarda desenvolveu actividades de leccionação e pastorais.
Sendo Cónego da Sé de Viseu, foi nomeado Bispo de Angra do Heroísmo em 2 de Outubro de 1914. Angra já não tinha bispo desde 1910 (Implantação da República) pelo que a sua chegada, em 1915, encheu de alegria a população açoriana.
Procurou realizar visitas pastorais a várias ilhas, criar novas paróquias, reabrir o Seminário. Também publicou uma pastoral sobre a família e o alcoolismo e numa outra chamava a atenção para a obrigação de votar em quem não fosse contra a liberdade religiosa.
Em 1922 faleceu em Angra do Heroísmo, após um acidente com uma arma de fogo. O disparo partiu de um seu criado a quem pretendeu apartar numa desordem."

D. José da Cruz Moreira Pinto (1887-1964)

Sé de Viseu
"É natural do Tortosendo onde nasceu em 29 de Agosto de 1887.
Estudou em Lisboa no Seminário de S. Vicente de Fora e no Seminário da Guarda concluiu  Teologia.
Foi ordenado presbítero na capela do Paço Episcopal da Guarda em 16/1/1910.
Em Lovaina estudou Ciências Político-Sociais e Filosofia, mas devido ao eclodir da 1ª Guerra Mundial só fez doutoramento em Filosofia em 17/5/1921.
Regressou a Portugal tendo ido para Évora, onde foi professor e reitor do Seminário
Foi nomeado Bispo de Viseu em 9/5/1928. Aqui desenvolveu um importante papel relacionado com a formação dos seminaristas e dos sacerdotes.
A Enciclopédia refere que Plínio Salgado lhe chamou um dos maiores oradores do nosso tempo.
Faleceu em Viseu a 12 de Novembro de 1964."

D. José dos Santos Garcia (1913-2010)

Pemba - Capela-Nicho de Nossa Senhora de Fátima

Nasceu na Aldeia do Souto, Covilhã, em Abril de 1913.
Entrou na Sociedade Missionária da Boa Nova. Antes de ir para Moçambique trabalhou nos seminários de Portugal.
Foi sagrado Bispo em 1957, indo para Porto Amélia, hoje Pemba, Moçambique. Como Bispo a sua pastoral tinha como prioridade a formação do clero, dos leigos e de religiosas.
Regressou a Portugal em 1974, passando a colaborar com a Diocese da Guarda. Também escreveu livros, como "Alicerce e construção duma igreja africana".
Em 2006 recebeu a medalha de ouro da cidade da Covilhã.
Em 12 de Maio de 2010 ainda participou nas Vésperas com Bento XVI, na Igreja da Santíssima Trindade, Fátima.
Faleceu em Dezembro de 2010. (6)

Notas dos editores 1)http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2015/10/covilha-dom-jose-do-patrocinio-dias.html
3)http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/01/covilha-os-jesuitas-ii.html
4)Arquivo Distrital de Setúbal, Convento de Brancanes
5)Costa, Susana Goulart, "Retratos dos Bispos de Angra" 
6)Agência Ecclesia, Dezembro de 2010

Outras publicações: 
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/05/covilha-bispos-covilhanenses-i.html

Publicações sobre a História do Bispado da Covilhã no nosso blogue:
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/04/covilha-para-historia-do-bispado-da.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/01/covilha-para-historia-do-bispado-da.html

As Publicações do Blogue:

Estatística baseada na lista dos sentenciados na Inquisição publicada neste blogue:

domingo, 1 de janeiro de 2017

Covilhã - Instituições Primitivas de Solidariedade Social IV



Encontrámos no espólio de Luiz Fernando Carvalho Dias, uma Carta de D. Afonso V sobre mais uma Confraria, a de São João de Mante em Collo, constituída, em época anterior, por trinta confrades com obrigações várias. Dado que a dita confraria se desfez, a administração dos seus bens vai ser entregue a Álvaro Fernandez, em 1480.


A cidade da Covilhã, a partir do Pisão Novo

Administraçam dos bêes da comfraria de sam Joham de mante em collo que he na villa de covilhaa a aluaro fernandez


Dom Afomso etc. A quamtos esta nossa carta virem fazemos saber que a nos disseram que em huua jgreja da uilla de couilhaa que se chama sam Joham de mante em collo fora hordenada huua comfraria em a qual auia trinta comfrades e se deziam em ella misas em cada huu anno com çirios açesos e outras solenidades pollas almas daquelles que em ella seus bêes leixaram per que se todo fazia e comtaua e que ora a dita comfraria era de todo desfeita e nam auia hy senam dous outros comfrades os quaees nam mandauam dizer as ditas misas nem fazer outras cousas que pellos defumtos foram hordenadas mas ante deram os bêes a seus filhos em casamento e delles uemderom e desbarataram e emlhearam e fezeram o que lhes aprouue e que por ello e por bem das hordenações por os ditos bêes serem profanos e pertemçiam a nos e os podiamos dar a quem nossa merçe fose Pedimdonos por merçee aluaro fernamdez escudeiro de Ruy gomçaluez comtador em a çidade da Guarda que por asy a dita comfraria seer desfeita e os bêes serem todos desbaratados e emlheados lhe fezesemos merçee daministraçã e bêes da dita capella comfraria e elle a queria ministrar fazer E nos vemdo o que nos asy dizer e pedir emuiou amte de sobre ello darmos outro alguu liuramento e sabermos se pertemçia a nos de direito darmos tal aministraçam mãdamos sobre ello primeiramente tirar Jmqueriçam e fazer uir peramte nos a dita Jmstituiçam as quaees vistas per nos e a delligemçia que se sobre ello fez e como a primeira fumdaçam da Jmstituiçam he tal que se lleer nam pode toda e pello que se nella lee nam se mostra cousa que empache nem aja de empedir a nos que a nam ajamos de proueer pois que os bêes sam profanos e se mostra per a dita Jmqueriçam sobre esto tirada que os ditos bêes andam em alheados sem se comprir as cousas de que sam emcarreguados. E ora queremdo nos fazer graça e merçee ao dito aluaro fernamdez vista per nos a dita Jmqueriçam Teemos por bem e fazemos lhe merçee dos ditos bêes da dita comfraria e aministraçam com tanto que elle seja obriguado de demandar e desemlhear todollos bêes que andam emlheados e os fazer emcorporar em a dita aministraçam segumdo que primeiramente andauã. E mais seja obriguado a fazer cantar em cada huu anno dez misas ao menos pollas almas dos pasados que a dita comfraria fundarom e dotarom de seus bêes segumdo que amtiguamente se fazer soya e os ditos bêes e proueedor delles eram obriguados e ao presemte sam e bem asy que a casa com seus leitos e camas se corregua e Repaire Refaça forneça e mantenha pera os viandantes serem alberguados em tal modo e forma que o que amtiguamente se fazia e oje em dia fazer dano seja sempre acreçemtado e numca minguado. E porem mãdamos a todollos nossos Corregedores juizes e justiças ofeçiaees e pesoas a que ho conheçimento desto pertemçer per qualquer guiza que seja que esta nossa carta for mostrada que semdo os ditos comfrades e pesuidores dos ditos bêes ou pellos a que ho conheçimento desto pertemcer çitados e ouuidos. dada em villa viçosa dous dias do mês dagosto El Rey ho mãdou pello doutor Joham teixeira viçe chamceller do seu comselho etc e pello doutor Johã deluas Joham Jorje a fez anno do nascimento de nosso Senhor Jhesu christo de mil iiijc lxxx.

Fonte - ANTT – Livro 1º da Beira, fls 95 vº

Igreja de São João de Martir-in-colo,
 também denominada São João de Longe,

 situada no Lar de S. José.

Carvalho Dias refere nas suas reflexões: "Do século XV podemos fixar a existência, que não a fundação, de outro hospital: o Hospital de São João de Longe que nada tem a ver com a Casa de Saúde, de vida efémera, aberta durante a peste que assolou a Covilhã no fim do século XVI, nem com a velha Igreja de Malta, da Ordem de São João do Hospital." Esta informação leva-nos a relacionar a comfraria de sam Joham de mante em collo  com este Hospital.

As Publicações do Blogue:
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2011/11/covilha-lista-dos-sentenciados-na.html 

Artigos sobre o mesmo tema, no nosso blogue:
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2011/07/covilha-instituicoes-primitivas-de.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2011/06/covilha-instituicoes-primitivas-de.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2011/05/covilha-instituicoes-primitivas-de.html