sábado, 14 de maio de 2016

Covilhã - Bispos Covilhanenses I

    Resolvemos abrir o tema Bispos covilhanenses por duas razões: a primeira, porque encontrámos no espólio de Luiz Fernando Carvalho Dias uma pasta com informação preciosa sobre covilhanenses, alguns bispos, que sabemos teria como finalidade a organização de um "Dicionário de Autores Covilhanenses"; a segunda, porque na próxima terça-feira, dia 17, o Padre Luís Miguel da Costa Taborda, da Diocese de Beja, apresenta, na Covilhã, a sua obra “D. José do Patrocínio Dias. O Homem, o Militar e o Bispo Restaurador da Diocese de Beja”.

Capa da obra de Luís Miguel Taborda Fernandes

Enumeremos os bispos covilhanenses de que temos conhecimento:
- D. José do Patrocínio Dias, Bispo de Beja.
- D. Cristóvão de Castro, Bispo da Guarda.
- D. Diogo Seco, Bispo de Niceia.
- D. Frei Domingos Barata, Bispo coadjutor de Évora, Bispo de Portalegre.
- D. José Valério da Cruz, Bispo de Portalegre.
- D. António Bonifácio Coelho, Bispo titular da Lacedemónia, Bispo eleito de Leiria.
- D. Frei Ângelo Ambrósio Camolino ou Ângelo de Nossa Senhora da Boa Morte, Bispo de Elvas.
- D. Manuel Damasceno da Costa Rato, Bispo de Angra do Heroísmo.
- D. José da Cruz Moreira Pinto, Bispo de Viseu.
- D. José dos Santos Garcia, Bispo de Porto Amélia, hoje Pemba, Moçambique.

D. José do Patrocínio Dias (1884-1965)

D. José do Patrocínio Dias era tio do investigador Luiz Fernando Carvalho Dias que, como sobrinho mais velho, com ele manteve sempre uma profunda relação de amizade e proximidade. Com o seu tio passava todos os anos o Natal em Beja e, na Covilhã, o período de férias de verão, na Quinta do Ribeiro Negro. Acompanhou-o constantemente nos últimos e dolorosos dias de vida em Fátima, depois da sua saída de Beja.

Sobre ele deixou escrito“Nasceu no dia 23 de Julho de 1884 na cidade da Covilhã, na freguesia de S. Pedro, numa casa à estrada, nas imediações de S. João de Malta, onde viviam seus pais – o professor Claudino Dias Agostinho Rosa, natural da freguesia de S. Matias do Cacheiro, Nisa e sua esposa D. Claudina dos Prazeres Presunto, da Covilhã. Feito o exame de admissão ao liceu, preparado por seu pai, entrou no Colégio de S. Fiel, onde fez o curso secundário, coajudado pela generosidade dos padres da Companhia, atentos às fracas posses de seus pais. Em Outubro de 1902 matriculou-se na Universidade de Coimbra, na Faculdade de Teologia, onde para subsistir deu aulas no Colégio do prof. Dr. Sousa Gomes, até que em 1907 se bacharelou em Teologia.
 Há muito que pensava ordenar-se por vocação e para satisfazer os votos de sua mãe. Celebrou a 1ª Missa em 1907, na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, Covilhã. Foi pároco da Igreja de S. Vicente e cónego capitular da Guarda, onde viveu até 1921.
 Durante a Guerra de 1914-18 ofereceu-se para prestar assistência religiosa aos combatentes e na Flandres foi designado chefe dos capelães militares do CEP. Mais tarde, ao ser nomeado Bispo de Beja, quis o governo da República manifestar-lhe reconhecimento público pela sua acção na Guerra, tendo-lhe perguntado o Dr. Bernardino Machado o que mais estimaria lhe oferecessem; pediu ele a reabertura imediata da Sé da Guarda, fechada há longos anos, para nela ser sagrado, em 3 de Junho de 1921. Tal desejo foi prontamente satisfeito.
 Em 1922, já sagrado Bispo de Beja, entra nesta diocese, há anos praticamente abandonada e onde desempenhou um extraordinário papel religioso, social e cultural a ponto de ser conhecido como “Bispo Restaurador”. Fundou a ordem religiosa Congregação das Oblatas do Divino Coração, que com ele colaborou e que ainda hoje realiza importante trabalho na Diocese.
    Fundou e colaborou em vários jornais, entre os quais destaco A voz da Fé, A Guarda, Novidades, Eco Pacence, Notícias da Covilhã, Notícias de Beja, etc. Publicou várias pastorais, foi conferencista e orador sagrado. No Arquivo da Diocese de Évora existe toda a sua correspondência para D. Manuel Mendes da Conceição Santos.
    Ao longo da sua vida e como recompensa pelos serviços prestados recebeu várias condecorações, destacando: A Cruz de Guerra, a Torre e Espada e a francesa Legião de Honra.
     Em 1957 as Bodas de Ouro sacerdotais foram uma festa dividida por Roma, Fátima, Covilhã e Beja.
 Vem a falecer, em Fátima, em 24 de Outubro de 1965 rodeado do seu irmão, de todos os seus sobrinhos e de alguns amigos.”
Jaz na Sé de Beja. Nesta diocese exerceu durante aproximadamente quarenta e quatro anos o seu múnus episcopal. (1)

D. José e a família

D. Cristóvão de Castro (?-1552)

 D. Cristóvão de Castro, era filho natural do alcaide-mor D. Rodrigo de Castro. D. Cristóvão nasceu nesta cidade em data incerta, terá sido embaixador ao Papa Alexandre VI, Deão da Capela Real, provido em Igrejas do Padroado Real, Capelão-mor da Infanta Dona Maria Manuela e em 1550 confirmado e sagrado Bispo da Guarda. Faleceu em 1552 e está sepultado na Covilhã, na Igreja de S. Francisco, na Capela dos Castros. Como Bispo da Guarda visitou quase todo o Bispado, produziu alguns diplomas e ocupou-se com o início da construção do extraordinário retábulo maneirista que se deve a João de Ruão e se encontra na Sé da Guarda.
É como capelão-mor da princesa Dona Maria Manuela, filha de D. João III e esposa do príncipe Filipe, futuro rei de Espanha e de Portugal, que o encontramos em Valladolid, donde escreveu várias cartas ao rei D. João III. (2)


Dona Maria Manuela

D. Diogo Seco (1575-1623)

"Natural da Covilhã, filho de Manoel Seco e Maria Jorge. Com 16 anos entrou no noviciado de Coimbra da Companhia de Jesus em 23 de Março de 1591 “e no mesmo colégio aprendeu Humanidades e poesia latina em que saiu eminente de tal sorte que sendo mestre da 3ª classe no Colégio de Lisboa representou no ano de 1604, na presença do Ilustríssimo Bispo de Coimbra D. Afonso de Castelo Branco, quando este chegou a Lisboa eleito Vice Rei de Portugal, uma tragédia cujo assunto era a vida de S. Antão. Fizeram as figuras os filhos dos principais fidalgos do Reino. Esta obra deu-lhe universal aplauso.
Depois de ter ditado em Coimbra, duas vezes, a classe de Humanidades, ensinou Filosofia e Teologia mostrando em uma e outra faculdade engenho, agrado e talento profundo.
Partiu para Roma no ano de 1618, para revisor dos livros da Companhia de Jesus. Aí leu teologia, sendo admirado por toda a cúria a sua profundidade Teológica e  eloquência Latina.
Como na sua pessoa concorriam tantos dotes, foi eleito Bispo de Niceia, para sucessor do Patriarca da Etiópia, o P.e Afonso Mendes. Foi sagrado a 12 de Março de 1623. Pouco tempo correu que não se fizesse à vela para o destinado termo das suas angélicas fadigas, embarcando-se a 25 do dito mês em a Nao Stª. Izabel de que era almirante D. Diogo de Castelo Branco. As infermidades que com pestífera brevidade extinguiam grande parte dos navegantes chegou a privar da vida o almirante, de cuja morte ficou tão penetrado, que passados poucos dias o acompanhou em tão funesta calamidade a 4 de Julho de 1623.
Foi insigne poeta latino de cujas poesias conservava grande parte o P.e Baltazar Teles, uma das quais sobre a frescura da Serra da Arrábida e mosteiro dos Seráficos Religiosos. ” (3)

Localização de Niceia

D. Frei Domingos Barata (?-1709)

“Natural da Erada, Covilhã.
Filho de Domingos Fernandes Gonçalves, lavrador.
Assentou praça em Cavalaria e aos 21 anos estudou em Évora gramática, filosofia e teologia e obteve uma cadeira no Colégio da Purificação.
Entrou na Ordem da Santíssima Trindade no Convento de Lisboa.
Formou-se em Coimbra e aí doutorou-se, regendo a cadeira de Teologia.
Foi Bispo Coadjutor de Évora em 1699 e Bispo de Portalegre de 22/2/1707 a 27/4/1709.” 
Está sepultado na capela-mor da Sé de Portalegre, onde podemos ler a inscrição: “Aqui yaz Dom Frei Domingos Barata bispo qve foi de Portalegre Religioso da Santissima Trindade qve fora Bispo de anel no arcebispado de Évora com o titvlo de Missenia. Faleceo em 27 de Abril de 1709”.
Escreveu sermões, como o “Sermão do Auto de Fé”, pregado na Cidade de Coimbra em 14 de Junho de 1699.


Capela-mor da Sé Catedral de Portalegre

(Continua)

Notas dos editores:
1)http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2015/10/covilha-dom-jose-do-patrocinio-dias.html
3)http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2014/01/covilha-os-jesuitas-ii.html

Publicações sobre a História do Bispado da Covilhã no nosso blogue:
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/04/covilha-para-historia-do-bispado-da.html
http://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.pt/2016/01/covilha-para-historia-do-bispado-da.html

As Publicações do Blogue:


Estatística baseada na lista dos sentenciados na Inquisição publicada neste blogue:



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